10 de nov. de 2007

DIA 23 de outubro de 2007 - terça-feira
DE ANTOFAGASTA (Chile) A SUSQUES (Arg.) - (566 km rodados no dia) - 4956 km rodados desde Brasília, dos quais 1130 km em território chileno e 2146 km em território argentino -
Nossa despedida de Antofagasta foi fantástica! Depois daquele jantar de anteontem à beira-mar sob revoada de pelicanos - quando comemos empanadas de mariscos e filé de peixe, acompanhados de duas garrafas de vinho chileno Gato Blanco -, nada podia ser melhor que nosso último dia antes de iniciar o caminho de volta. Almoçamos Pizza Hut a R$ 9,00 por cabeça (com batatas fritas e coca-cola) num shopping center da cidade. À noite, bebemos chope servido em litro e comemos uma Pichanga (carnes diversas feitas na chapa) a R$ 36,00 (valor total para 3 pessoas), num restaurante local de nome muito sugestivo: Bundes Schop. Esses preços nos fizeram mudar um pouco de idéia sobre o custo de vida do Chile. Estávamos muito mal impressionados com os preços praticados em S. Pedro do Atacama, que são elevados! Nem tudo por aqui é mais caro que no Brasil. Gasolina com 97 octanas, por exemplo, variou entre R$ 2,70 (no Atacama) a R$ 2,59 (em Antofagasta).
Combinamos de sair cedo de Antofagasta em direção à Argentina. Comecei o dia quebrando a chave do alforje onde estavam as roupas da Rosane. O pior: o cotoco da chave ficou dentro do miolo da fechadura. O atendente do hotel ligou para um chaveiro 24 horas para resolver o problema, mas, nem o celular, nem o telefone fixo do cabra atendeu. Fiquei chateado, mas pensei positivo naquele momento: - Há 3 coisas que Deus me deu em abundância: NARIZ, BOCHECHA E SORTE! Não haveria de ser nada! Uma aventura sem contratempos não é aventura! Encontraremos um chaveiro adiante em alguma cidadela da rodovia. Lá fomos nós. Paramos em Baquedana e Sierra Gorda e nada de chaveiro. Vai ver que por aquelas paragens ninguém tranca a porta. Entramos na cidade de Calama, a maior do Atacama, e lá encontramos um profissional capaz de retirar o cotoco e fazer uma chave nova. Acho que perdemos 1 hora e meia para resolver o problema. Em Calama, aconteceu algo inusitado. Chegamos na cidade com a bexiga a ponto de explodir. Paramos no posto de gasolina e procuramos logo pelo banheiro. Tivemos a notícia de que era de uso exclusivo dos funcionários do posto. Tínhamos que pedir autorização ao gerente, pegar chave e outras coisas. Indicaram-nos um mictório público no parque da cidade. Seguimos a pé em direção ao parque. No caminho paramos numa oficina e numa padaria e, pasmem, ninguém tinha um banheiro para nos emprestar só um pouquinho. Quando chegamos em frente à entrada do parque, outra novidade: o portão estava fechado! Para entrar precisaríamos dar a volta completa no parque e isso dava mais de 1 km de caminhada. Vimos um hotel elegante logo a frente e fomos para lá. Ali sim nos deixaram usufruir do banheiro. Já vi muitos viajantes falando mal do povo chileno por causa dessas pequenas coisas. Acho que faltou espírito de solidariedade e de bom atendimento ao turista neste caso.
De qualquer modo, abastecemos no posto que havia nos negado o banheiro e seguimos para San Pedro do Atacama. Passamos novamente pelas aduanas chilena, em San Pedro, e argentina, em Paso de Jama. Paramos para dormir outra vez em Susques. Desta vez na pousada Pastos Chicos, que parecia ser melhor que a outra onde ficamos quando estávamos indo para o Chile (El Unquillar). Mas não era! Tive que trocar de quarto duas vezes porque a descarga do banheiro não funcionava. O frio continuava intenso por lá. Temperatura abaixo de zero de madrugada.
Convém lembrar que em Paso de Jama (fronteira argentina), encontramos com mais dois grupos de motociclistas (um do Rio e outro de Porto Alegre) fazendo a mesma viagem que a gente. Acho que visitar o Atacama já se tornou desejo comum dos motociclistas do Brasil. Muita gente acha loucura empreender um projeto como esse, mas devo lembrar que S. Pedro de Atacama fica apenas a 2060 km de Foz do Iguaçu, bem menos que a distância de Brasília para muitas capitais nordestinas. Nossa cidade, por conta da sua centralidade territorial, fica muito longe da fronteira e qualquer viagem para além dela fica parecendo meio radical. Mas nada disso é verdade! Foi uma viagem tranquila, sem riscos e bem sucedida em todas as etapas até aqui. (Fotos do monumento ao operário do cobre em Calama e da rodovia)

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Quem sou eu

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Sou servidor aposentado do Ministério do Planejamento, motociclista há algumas décadas, em Brasília. Também sou antropólogo e sociólogo por formação; escritor, violeiro e compositor por vocação; e estradeiro por opção. Criei esse blog para compartilhar, com quem demonstre interesse, minhas viagens de moto pelo Brasil e por outros países. Contato pelo email: flaviomcas@gmail.com